Conceitos
O diagnóstico de infarto do miocárdio com a utilização dos marcadores de lesão miocárdica é extremamente importante para o inÃcio do tratamento, pois as alterações eletrocardiográficas podem demoram a surgir. Porém, este método também tem suas limitações, como veremos a seguir.
Creatinaquinase – A creatinaquinase é uma enzima que catalisa a transferência de fosfato de alta energia da molécula do trifosfato de adenosina para produzir a creatina fosfato. Embora sensÃvel para o diagnóstico de lesão muscular, não é especÃfica para o diagnóstico de lesão miocárdica.
Mioglobina – A mioglobina é uma hemoproteÃna citoplasmática de baixo peso molecular, encontrada tanto em músculo cardÃaco como em periférico, sendo, portanto, inespecÃfica. Como é liberada rapidamente e com vida média curta, o que limita seu uso. Não é um marcador a ser utilizado para diagnóstico, principalmente por causa de sua inespecificidade (se eleva nas lesões musculares, além do cardÃaco). No infarto do miocárdio, os nÃveis se encontram entre 0,15 e 0,5 microgramas/mL e se elevam antes da creatinoquinase.
Troponinas – As troponinas são proteÃnas regulatórias localizadas no músculo estriado ligadas ao aparato contrátil celular. As tropinas I e T são especÃficas para o diagnóstico de lesão miocárdica por possuÃrem cadeia de aminoácidos diferente da cadeia de aminoácidos das troponinas do músculo esquelético. A troponina C apresenta cadeia de aminoácidos idêntica para ambos os músculos; por isso, é um marcador inespecÃfico e não é utilizada.
Normalmente a troponina T cardÃaca não está presente no sangue circulante. Sua quantificação é feito por imunoensaio. É considerada o padrão-ouro (melhor exame) entre os marcadores bioquÃmicos da necrose (lesão por morte) do tecido miocárdico, com excelente sensibilidade e especificidade. Os valores máximos ocorrem entre 24 e 48 horas, permancendo elevados até 14 dias após o infarto agudo do miocárdio.
ProteÃnas ligadas ao ácido graxo – As proteÃnas ligadas ao ácido graxo devem estar envolvidas no transporte de ácidos graxos de cadeia longa do sarcolema aos diferentes locais de oxidação e esterificação. Possuem baixo peso molecular de 15 kilodaltons, são hidrofÃlicas e encontram-se no citoplasma celular. Novos testes com anticorpo monoclonal para esse marcador estão sendo desenvolvidos, o que permitirá sua utilização futura.
Glicogênio 6 fosforilase – Glicogênio 6 fosforilase é a enzima chave para a glicogenólise e possui três isoenzimas: BB (cerebral), MM (muscular) e LL (fÃgado). A isoenzima BB é também encontrada no miocárdio, onde é predominante, enquanto a isoenzima MM é exclusivamente de musculatura periférica. Durante episódios isquêmicos, a glicogenólise é aumentada e grandes quantidades da isoenzima BB são liberadas.
Atinge a circulação sanguÃnea mais precocemente que a CK-MB e que as troponinas e apresenta reação cruzada em menos de 1% com as isoenzimas LL e MM. Dados preliminares indicam que a forma BB é um sensÃvel marcador de lesão miocárdica.
Referências:
Birdi I, Angelini GD, Bryan AJ. Biochemical markers of myocardial injury during cardiac operations. Ann Thorac Surg 1997;63:879-84.
Mair P, Mair J, Seibt I, et al. Cardiac troponin T: a new marker of myocardial tissue damage in bypass surgery. J Cardiothorac Vasc Anesth 1993;7(6):674-8.